terça-feira, 26 de outubro de 2010

Sergipe desperdiça o potencial para Turismo Rural, aponta estudo

Fazendas trazem boa parte da
história de Sergipe (Fotos: Arquivo Pessoal)
Sergipe poderia estar inserido em segmento turístico que movimenta mais de R$ 3 bilhões por ano e cresce em um ritmo superior a 30% em todo o país. Isso se o Turismo Rural estivesse entre as atividades exploradas no Estado. Potencialidade há. Grande, aliás, conforme pesquisa desenvolvida por estudantes da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Falta apenas iniciativa, é o que constatou o estudo.

Desenvolvida no período de um ano, a pesquisa ‘Turismo Rural – Criação de um Novo Segmento para Sergipe’ levantou 13 propriedades rurais que antes de mais nada têm muita história pra contar. “Muitos desses lugares foram antigos engenhos e têm um importante papel na história sergipana. É um filão pouco explorado, que poderia desempenhar um importante papel na nossa economia, inclusive”, explica a estudante de Turismo Klazia Kate Salomão, que tocou o projeto junto ao estudante de Zootecnia Ariolino Moura, sob orientação da professora Debora Eleonora Pereira.

Klazia destaca, no entanto, que o estímulo esbarra tanto no poder público quanto na iniciativa privada. De um lado estão os municípios, que muitas vezes não demonstram interesse; do outro estão os proprietários das fazendas, que temem uma deterioração do patrimônio secular. “Potencial existe, principalmente porque Sergipe está carente de atrativos. Hoje o Estado é vendido como destino de Negócios e Eventos, ‘Sol e Praia’ e Ecoturismo. Mas o turista vem e só fica de 2 a 3 dias e em Aracaju. No máximo ele visita as históricas Laranjeiras e São Cristóvão e vai a Xingó”, comenta a estudante.

Resistência dos proprietários passa pelo
medo da deteriorização dos imóveis
Levantamento

A coleta de dados começou com 24 fazendas, mas devido a dificuldades com os proprietários e com os municípios o levantamento acabou sendo realizado com apenas 13 propriedades. “Fizemos um inventário dos municípios onde elas se encontram, porque é preciso saber se a região suportaria receber o público visitante e se os investimentos dariam retorno. Utilizamos um questionário do Ministério do Turismo verificando junto à comunidade e associações, quais seriam os interesses. Mas muitos nem sabem o que é ‘Turismo Rural’”, destaca Klazia.

Todas as informações sobre os locais, acompanhadas de registros fotográficos, estão descritos no relatório final da pesquisa. Foram listadas três propriedades em Santa Luzia do Itanhy – uma delas produz cachaça artesanalmente -, uma em Estância, três em Itaporanga D’Ajuda, uma em São Cristóvão, duas em Maruim, uma em Divina Pastora, Santa Rosa de Lima e Riachuelo. “Se esses destinos fossem trabalhados, certamente haveria público, porque é um segmento que procura demanda”, avisa a estudante.


Klazia visitou as 13 fazendas
com potencial
Turismo Rural

Mas o quê, afinal, torna o Turismo Rural tão atrativo? Klazia faz questão de ressaltar que a função é muito mais pedagógica do que antropológica. O turista rural vai se envolver em atividades como cavalgada, oficinas de doces, agroturismo, pesque-pague etc.

“Na prática há uma integração das atividades do campo com o turista. Quem procura esse tipo de diversão quer, na verdade, compreender o estilo de vida no campo”, descreve a estudante.

A promoção desse segmento, aponta Klazia, seria a solução para que Sergipe despontasse ainda mais no cenário turístico nacional. “Quanto maior for a oferta de atrativos, mais tempo o turista permanece, o que é bom, em todos os sentidos”, reforça. Os resultados do trabalho estão sendo apresentados em congresso, mas ainda não há respostas por parte do Poder Público sobre uma possível ‘venda’ desses destinos.

A maioria das propriedades visitadas são
do período colonial
No Brasil acredita-se que o Turismo Rural começou a se desenvolver em 1986, na região Sul. O crescimento dessa modalidade de turismo é atribuída a uma valorização cada vez maior da cultura tradicional. Destacam-se hoje nesse segmento o Vale do café (RJ) e Lajes (SC). O Nodeste só agora descobre o potencial, tendo nos estados de Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Norte os principais destinos.

Por Diógenes de Souza

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