Perfil de vítimas pode direcionar melhor as políticas de prevenção dos acidentes (Foto: Portal Infonet) |
É a primeira vez que uma pesquisa descreve as características das vítimas desse trauma que, segundo estimativas, acomete em torno de um milhão de pessoas por ano. Em 2020, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), as queimaduras vão ultrapassar as doenças infecciosas como a primeira causa de morte no planeta. Os dados causam espanto, mas de acordo com a professora Edilene Curvelo Hora, que chefiou os trabalhos junto à professora Regina Cardoso e a estudante Catiane Tavares, poderiam ser menos preocupantes.
Prof. Edilene Curvelo Hora destaca centralização do atendimento no Huse |
O levantamento foi realizado entre os meses de agosto e dezembro do ano passado com 100 pacientes que deram entrada no ambulatório. Segundo a professora, o trauma por queimadura reproduz o perfil comum aos demais tipos de acidentes, como quedas ou no trânsito, por isto não houve surpresa quanto à predominância do sexo masculino destacando-se nas estatísticas.
O que chamou a atenção, por outro lado, foi o tipo de queimadura predominante. Dentre os três tipos mais recorrentes a queimadura térmica (por líquidos quentes ou chama direta) – as outras são por eletricidade ou químicas – apareceu em 81% dos casos. Em 94% deles o motivo foi acidental e ocorreu em casa (58%), o que assevera, portanto, que é algo possível de ser evitado. “Nesses casos, quando você faz uma análise mais aprofundada, constata que é uma coisa que pode ser prevenida e que também aponta para um problema social. Às vezes as crianças acometidas moram em casas de um cômodo, sem espaço para brincar, ou mesmo acabam ficando sozinhas em casa”, descreve a professora.
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Capital
No Huse, 55% dos queimados vieram de outros municípios sergipanos e até da Bahia; 45% são da capital sergipana. A centralização do atendimento é outro aspecto que encarece o atendimento e põe em xeque a necessidade de profissionais especializados serem alocados em outras unidades de saúde.
O estudo evidenciou, ainda, que outros tipos de queimaduras somam apenas 19% dos casos. Depois do domicílio, as queimaduras foram mais freqüentes em público, em 30% dos casos, e em outros locais, em 13% das ocorrências. Nenhum dos 100 pacientes entrevistados chegou a óbito.
A professora Edilene reforça que o estudo é inédito e que, por ter sido concluído há algumas semanas, está em apreciação para ser publicado em periódicos científicos da área de saúde. Por ter contado com o apoio da Secretaria de Estado da Saúde (SES), o órgão receberá uma via do relatório final. Além dos projetos de extensão que podem ser desenvolvidos na própria UFS, espera-se que, munidos desses dados, os agentes do Poder Público foquem em ações mais específicas de educação e prevenção, a fim de traçar um novo cenário nas estatísticas.
Por Diógenes de Souza
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