sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Bons hábitos alimentares diminuem chance de ter câncer, diz estudo

Manter uma dieta saudável pode trazer mais benefícios do que se imagina. Além de promover qualidade de vida, o consumo de alimentos funcionais aliado a atividades físicas pode prevenir diversos tipos de câncer, uma doença que ainda provoca a medicina e é causadora de um grande número de mortes em todo o mundo.

Funcionais ou nutracêuticos são alimentos ou ingredientes que, além das funções nutricionais básicas, possuem propriedades que melhoram o metabolismo e previnem o aparecimento de uma série de doenças. Tais nutrientes compõem alimentos que fazem parte do nosso dia a dia, como legumes, frutas, verduras e peixes.


O professor do Departamento de Fisiologia da UFS Paulo Sérgio Marcellini explica que o envelhecimento da população gerou uma preocupação maior com problemas de saúde, em especial com as doenças crônico-degenerativas. "A partir daí, a alimentação começou a ser vista como promotora da saúde e não apenas como mera provedora de nutrientes ou fonte de prazer, por isso é que apenas a partir dos anos 90 o interesse pelo assunto ressurgiu", diz.

Em um trabalho realizado em 2007 intitulado “Avaliação do consumo de alimentos funcionais em pacientes com câncer na cidade de Aracaju”, constatou-se que as pessoas só tomam conhecimento do poder dos alimentos funcionais quando são diagnosticadas com a doença, o que adianta muito pouco já que os princípios bioativos previnem e não curam o câncer.

Durante a pesquisa verificou-se que 79,4% dos pacientes com câncer do Hospital de Urgência de Sergipe nunca haviam consumido soja antes de descobrirem a doença. O consumo sobe substancialmente, contudo, quando do diagnóstico: 71,8%. A leguminosa contém, além de outras substâncias funcionais, fibras solúveis e insolúveis, que diminuem o risco de câncer de cólon.

O mesmo ocorre com o tomate, rico em licopeno, que atua contra o câncer de próstata e que era consumido antes do diagnóstico por 35% dos pacientes e depois por 46,9%. Peixes, como sardinha e salmão, ricos em Ômega 3, eram consumidos por 28% antes e 38,6%, depois. Este último foi o que mais impressionou os pesquisadores, nas palavras do professor, “por estarmos em uma cidade litorânea”.

“O principal papel a ser adotado contra o câncer é, sem dúvida, a prevenção. E é justamente aí que os alimentos funcionais desempenham sua função. Depois que a doença se desenvolve, manter uma dieta equilibrada e composta por esses alimentos serve para atenuar os efeitos do tratamento”, conta o pesquisador.

Vale lembrar, ainda, que mesmo já estando com câncer o paciente pode inibir o reaparecimento da doença ao abraçar uma alimentação saudável. “Se a pessoa sabe que tem uma predisposição, a tendência é que ela adote um novo estilo de vida”, diz.

O que comer?

Alguns mitos cercam a questão do “comer bem”. O principal deles é que ter uma alimentação correta implica em gastos adicionais. “O principal problema é mexer com a cultura, que é o principal fator de resistência. As pessoas também relutam em utilizar certos alimentos por não saber utilizá-los. Há várias opções para se ter acesso aos alimentos funcionais. No lugar de salmão, por exemplo, pode-se comer sardinha”, instrui a estudante de Farmácia Raquel de Aragão Barbosa, que também participou da pesquisa.

Tese confirmada pelo orientador. “Falta conhecimento, pois os alimentos são acessíveis. Há vários outros fatores que também influenciam. A cultura do fast food, por exemplo, trouxe um novo padrão alimentar, um deslocamento de consumo. Mexer com isso é o desafio, mas o consumo mais saudável deve ser estimulado. A mídia poderia atuar com maestria nesse quesito, assim como políticas públicas e espaços de discussão científica”. Ele lembra ainda que o consumo deve ser constante e sem exageros.
Alimentos funcionais

As substâncias funcionais são conhecidas há mais de 5.000 anos, quando os chineses descobriram a soja. O povo oriental, não por coincidência, é o que menos tem incidência de câncer, justamente pela dieta composta desses alimentos.

Não se conhecem todas as substâncias em sua totalidade, pois ainda há estudos em curso. Algumas pesquisas, no entanto, apontam que essas propriedades podem ir além do que já foi descoberto. Mas ainda existem países que as desconhecem. Na página da Sociedade Brasileira de Alimentos Funcionais (SBAF) há um espaço dedicado a esclarecimentos sobre os alimentos e que tipo de doenças cada um previne.

Publicada originalmente em 13/05/2009, no Portal UFS
Por Diógenes de Souza (estagiário) e Luiz Amaro
Agência UFS de Divulgação Científica

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