sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Pesquisa traça perfil de idosos vítimas de acidentes de trânsito


Do sexo masculino, entre 60 e 70 anos, oriundo do interior. Este é o perfil de dois terços dos idosos vítimas de acidente de transporte em Sergipe. O atropelamento consistiu no trauma mais recorrente (57,1%) das internações no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) entre os anos de 2006 e 2007, segundo pesquisa da UFS. O dado animador, porém, mostra que 81% dos casos evoluem para alta hospitalar.

O estudo realizou-se sob orientação da professora de Enfermagem Edilene Curvelo Hora e constatou que esse é o segundo tipo de acidente que mais acomete os idosos, perdendo apenas para quedas. Os traumas do pedestre acima dos 60 anos cresce muito por consequência de maior atividade dessa parcela da população.

"Com o aumento da expectativa de vida, os idosos tornaram-se mais ativos, pois eles dirigem, fazem esportes, viajam, aumentando a possibilidade dos traumas ocorrerem", exemplifica a professora.
Realizado com base em 64 prontuários, o estudo apontou ainda que as ocorrências se dão de sexta a domingo (61,9%) e, na totalidade dos casos, os pacientes permaneceram hospitalizados por um período de 2 a 30 dias. Cinquenta e dois evoluíram para alta e 12 entraram em óbito (19%).

“Doenças pré-existentes e a gravidade do trauma, que no idoso sempre é mais acentuada, contribuem para uma recuperação mais lenta”, aponta Edilene.

Ritmo diferenciado

Durante o envelhecimento o organismo sofre uma desaceleração nas suas diversas funções. É o caso, por exemplo, do andar mais lento, um dos fatores que colaboram para que os atropelamentos aconteçam.

"Os motoristas precisam não só compreender que o ritmo é diferente, mas respeitar a faixa de pedestre". Ainda segundo a professora, pela maioria dos casos ocorrerem nos finais de semana, pode ser que a bebida também explique a alta incidência.

Outro aspecto de destaque foram os casos encaminhados do interior do estado (66,6%), sobressaindo-se aos da capital (23,8%). "Isso aponta uma centralização que precisa ser resolvida e prova a inexistência de profissionais habilitados [no interior] para tratar os traumas. Se existissem pelo menos pólos de atendimento, o Huse não concentraria o atendimento dessa forma", afirma. Outros estados responderam por 9,6% dos atendimentos.

O estudo evidenciou que depois do idoso traumatizado (atropelamento), as causas de acidentes de transporte seguem a seguinte ordem: motociclista traumatizado (14,3%), outros acidentes (14,8%), ocupante de automóvel (9,5%) e ocupante de ônibus (4,8%). A faixa etária de 71 a 80 anos respondeu por 23,8% dos casos. Não houve registro de paciente acima de 80 anos.

População crescente

Existem no Brasil 14,5 milhões de idosos, segundo o IBGE. A população representa 8,6% do total. Em vinte anos, o número passará para 30 milhões, elevando aquele percentual para 13%.

"Se queremos envelhecer com qualidade, devemos direcionar políticas públicas de prevenção. É necessário que se entenda que o organismo do idoso é diferente do adulto e se pense nisso", adverte Edilene.

Diógenes de Souza (estagiário) e Luiz Amaro, publicada originalmente em 08/06/2009, no Portal UFS
Agência UFS de Divulgação Científica

Nenhum comentário: