sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Pesquisa aponta que jovens são os que mais morrem no trânsito

Número de mortes por acidentes nas
BRs já ultrapassou 2009 (Foto: Portal Infonet)
Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) até o mês de outubro número de acidentes e mortes nas rodovias que cortam Sergipe este ano já superou o que foi registrado em 2009. Em 2010 já foram contabilizadas 1.137 ocorrências com 633 feridos e 88 mortos, contra 868 acidentes que deixaram 478 feridos e 55 mortos no ano passado. A imprudência ao volante é a maior razão desse cenário.

Os dados confirmam ao trânsito a condição de maior causa de mortes na sociedade, ultrapassando os casos de acidente naturais e homicídios. Mas o mais preocupante, de acordo com o pesquisador do Departamento de Medicina (DME) da Universidade Federal de Sergipe (UFS) Ricardo Fakhouri (veja outro estudo do pesquisador sobre o uso de psocotrópicos por caminhoneiros sergipanos) é que o trânsito, hoje, é um agente que mata de forma aceitada pela sociedade, sem gerar um incômodo igual ao que um assassinato na periferia causa.


É justamente para sensibilizar o poder público e a sociedade que desde 2001 o Grupo de Pesquisa em Ciências da Saúde realiza em sua linha de estudos o monitoramento dos casos de violência no trânsito a fim de se traçar um histórico da evolução dos casos. Os dados que se têm disponíveis até então dão conta de que de 2001 a 2005 quase 1.200 pessoas perderam a vida nas pistas, a maioria delas do sexo masculino – em 84% dos casos –, com idade entre 20 e 29 anos (520 vítimas), por atropelamento ou colisão.

“Essa não é uma realidade exclusiva de Sergipe, mas de todo o país. Se compararmos o Brasil com os demais países da América do Sul, que têm hábitos e características culturais parecidas com as nossas, o índice aqui é muito maior”, explica Fakhouri. Os jovens, lembra o pesquisador, são os maiores protagonistas dos acidentes de trânsito porque acabam sendo responsáveis pelo resultado da soma da inexperiência com a inconsequência.

“O jovem acaba recebendo a habilitação aos 18 anos, mas não tem familiaridade com o trânsito e há muitas situações que são novas para ele. A velocidade é inebriante e junto com a inexperiência e a falta de senso crítico não o leva a analisar as conseqüências, por exemplo, do impacto que vai sofrer em um acidente a 80Km/h, a 90Km/h e a 160KM/h”, ressalta o professor.

Legislação

Ricardo Fakouri ressalta a necessidade de 
uma mudança de comportamento 
(Foto: Blog UFSCiência)
Ricardo Fakouri destaca, no entanto, que essa mudança de comportamento não virá com novas modificações na legislação de trânsito brasileira. Isto porque, segundo ele, ela já é aprimorada o bastante. O fato de se receber primeiro a ‘permissão para dirigir’ e depois de um ano ser efetivamente habilitado é uma medida que corrobora a necessidade de dar experiência ao novo motorista.

“Antes era possível ver jovens sem habilitação dirigindo. Hoje isso não é mais possível, pois há uma conscientização da importância do documento. Há, sim, uma falta de consciência das pessoas; é um processo de evolução. A legislação é adequada e atenta ao resguardo da vida do cidadão”, diz o pesquisador.

Poder Público

O estudo segue em continuidade e além de embasar o surgimento de uma linha de pesquisa em violência urbana com enfoque para o tráfego, em parceria com a professora de Enfermagem Edilene Cuvelo Hora, que possui uma linha de pesquisa em traumas, busca dar subsídios para programas que criem metas de redução da violência no trânsito. O que está em falta, portanto, é umdirecionamento para essas ações.

“O que queremos é pontuar geograficamente onde são as regiões críticas e descobrir o porquê do problema. Hoje não se sabe onde é o ponto crítico, se na zona rural ou na zona urbana. No geral essas informações não chegam facilmente às pessoas. E nós queremos justamente isso: fazer com que as pessoas conheçam o problema e possam resolvê-lo”, conclui Fakhouri.

Por Diógenes de Souza

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