segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Mesmo curável, câncer de boca é o 5º que mais mata

Tabagismo está entre
as principais causas
O câncer de boca é apontado como a quinta causa de morte entre homens pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca). Atualmente a incidência é de 10,64 casos para cada 100 mil habitantes. Nas mulheres essa taxa é de 3,76.

O maior inimigo da prevenção é o desconhecimento da população quanto aos sintomas e às razões para a doença, que possui até 100% de chance de cura se descoberta no estágio inicial.

Em Sergipe, um estudo do Departamento de Medicina realizou uma análise epidemiológica desse tipo de câncer para constatar qual a realidade do problema e, dispondo destes dados, focar atividades de orientação que visem conscientizar sobre a necessidade de prevenção especialmente entre as pessoas mais propensas.


O professor Celso de Barros, quem coordenou os estudos, confirma que a maior prevalência é em homens idosos e que na maioria dos casos a doença atinge a língua. “O tabagismo e o consumo de álcool aumentam essa predisposição. Mas a causa também está muito vinculada a ferimentos gerados por próteses ou traumas de outra ordem que podem gerar uma lesão mais grave”, explica o pesquisador.

O estudo levantou todos os prontuários dos pacientes atendidos pelo Hospital Universitário (HU) no período de 2004 a 2007. Das 99.997 fichas, 193 delas eram de pessoas que tinham câncer de boca.

 “Não conseguimos o endereço de todos, por isso ainda não foi possível saber qual a região do Estado de maior prevalência”, destaca Maysa Nogueira Ferreira de Barros, estudante de Odontologia que conduziu os estudos junto a Maria Carolina Viana de Andrade, do mesmo curso.

Maria Carolina e Maysa Nogueira: prevenção
é necessária desde cedo (Foto: UFS Ciência)
Por ter uma taxa baixa de incidência, pelo menos nesse período estudado, ela acredita que a necessidade de ações preventivas mais eficazes e diretas é ainda maior. Nesse sentido, merece destaque a questão do auto-exame, ainda desconhecido para esse tipo da doença.

“Principalmente para quem usa prótese, é necessário que se olhe ao espelho e dê atenção às lesões que surgirem. Muitas vezes elas são até aftas, são indolores, mas não devem durar mais que uma semana. Passou disso, já é hora de se preocupar”, alerta a estudante.

O próximo passo da pesquisa é montar um projeto de extensão que atue em asilos e unidades de saúde. Recentemente, os dados serviram de aporte para a Semana de Prevenção ao Câncer Bucal, realizada pela Prefeitura Municipal de Aracaju. A pesquisa será levada, ainda, a congressos da área de Odontologia para apresentação dos resultados.

A doença

O câncer de boca é uma denominação que inclui os cânceres de lábio e de cavidade oral (mucosa bucal, gengivas, palato duro, língua oral e assoalho da boca).

O câncer de lábio é mais freqüente em pessoas brancas, e registra maior ocorrência no lábio inferior em relação ao superior. O câncer em outras regiões da boca acomete principalmente tabagistas e os riscos aumentam quando o tabagista é também alcoólatra.

O principal sintoma deste tipo de câncer é o aparecimento de feridas na boca que não cicatrizam em uma semana. Outros sintomas são ulcerações superficiais, com menos de 2 cm de diâmetro, indolores (podendo sangrar ou não) e manchas esbranquiçadas ou avermelhadas nos lábios ou na mucosa bucal.

Dificuldade para falar, mastigar e engolir, além de emagrecimento acentuado, dor e presença de linfadenomegalia cervical (caroço no pescoço) são sinais de câncer de boca em estágio avançado.

Por Diógenes de Souza

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